Nilza Viégas

Nilza Viégas


Primeira filha depois de dois irmãos, de Abel da Silva Viégas, seu Biloco, e de Maria Henrique Viégas, nasceu no município de São Fidélis, na Fazenda das Laranjeiras. Aos dois anos, seus pais mudaram-se para a Fazenda São João do Penedo, município de Santo Antônio de Pádua. Daí para Itaocara foi só questão de circunstâncias, o que se deu no ano de 1930, com a idade de 3 anos.
Fez seus primeiros estudos no antigo Grupo Escolar Saldanha da Gama, daí submetendo-se ao Exame de Admissão no Colégio de Pádua em 1939, concluiu seu ginásio (atual 1º grau).
Em 1946, diplomou-se em Professora na Escola Normal São Paulo em Muriaé-MG, escola sob a orientação católica das Irmãs Marcelinas.
Começou então sua carreira de mestra sempre em sua cidade, onde pôde se dedicar à causa da Educação – especialmente a Pré-Escolar.
Foi ampla sua vida profissional, não só em trabalho, como em cursos realizados para uma constante atualização e reciclagem na missão que exercia.
Seus primeiros trabalhos foram na Escola José Barbosa: em 1946, transferindo-se, dois anos depois para o Grupo Escolar Laurindo Pita em Jaguarembé, 4° distrito de Itaocara. Aí ficou até 1955 quando foi designada para o Grupo Escolar Frei Tomás, na sede do município, onde exerceu inúmeras funções: bibliotecária, professora de trabalhos manuais, regente de classe e ainda serviu na Inspetoria Escolar da 12ª Região Escolar, também em Itaocara.
Sendo indicada para o então Jardim de Infância José Maria de Almeida anexo ao grupo Escolar, hoje Pré-Escolar do Colégio Estadual Frei Tomás, chegou à direção do estabelecimento no ano de 1978, aí permanecendo até se aposentar no ano de 1984.
De seu casamento com Gilberto Vieira da Silva em 1951, nasceram-lhe duas filhas das quais lhe advieram 6 netos.
Pautou sua vida profissional buscando sempre cursos de atualização, através dos quais aprimorava-se em suas atividades educativas. Recebeu inúmeras moções de congratulação dos órgãos públicos pela participação da escola sob sua direção nos inúmeros eventos oficiais realizados na cidade.
Entre as dezenas de cursos, destacam-se: Orientação Rural (1948) e Orientação para Jardim de Infância, Atualização de Diretores, Encontro de Diretores nos anos de 1969, 1971, 1974, 1976, 1977,1978 1979, 1981.
Participou de inúmeras Comissões Especiais como: festejos comemorativos da Semana da Pátria (1971), Aniversário de Emancipação do Município (1971), Sesquicentenário da Independência do Brasil (1972) e outros mais.
Foi elemento ativo em congressos, seminários e encontros, como se comprova pelo seu extenso currículo.
Foi honrada com o título de Cidadã Itaocarense em 1990, por ocasião da Festa do Centenário do Município.
Aliada às campanhas de cunho educativo, participou de vacinações, censo escolar e recenseamento geral em 1970.
É membro participante de inúmeras entidades sociais e religiosas.
Dedica-se ultimamente à difícil atividade literária, tendo publicado já dois livros, com promessas para outro em ocasião oportuna. Seu primeiro trabalho, Cada vida uma história trata-se de transcrever suas lembranças, seu tempo escolar, sua vida de família e fatos curiosos por ela vividos. O segundo trabalho é uma obra memorialista onde ela estabelece um paralelo entre a sua cidade de ontem e hoje: ela traça no Itaocara dos meus sonhos uma linha evolutiva de Itaocara, fornecendo ao leitor inúmeros subsídios para melhor conhecer esta antiga Aldeia da Pedra.
E assim, Nilza Viégas vai conduzindo sua vida entre as alegrias do dever cumprido e de tare¬fas ainda por cumprir.
Trabalho feito pelos alunos Fellipe e Gustavo da Unidade Integrada “Caio de Mello de Almeida”, em comemoração do Dia Internacional da Mulher

Muito se tem falado sobre os 500 anos de descoberta do Brasil, este apêndice da terra lusitana por longos 322 anos. O povo brasileiro está pondo sua criatividade à prova nas comemorações que vêm sendo programadas nesses 1999 que antecipa o ano da grande virada: artes ciências, artes plásticas, artes literárias, artes musicais, todas as artes de que dispõem os filhos deste solo, desta terra tão cheia de histórias, tão cheia de heróis e não-heróis. Será difícil escrever alguma coisa que já não tenha sido escrita; pode-se, entretanto, aproveitar um recurso já empregado, exposto sobre outro ângulo.
Assim é que, desincumbindo-me da honrosa tarefa com a qual fui distinguida pelos promotores desta publicação, valho-me do verso contado por Milton Nascimento em um dos clips comemorativos: “Brasil, você é lindo, 500 anos se descobrindo”. Foi felicíssimo o criador dessa frase que pode trazer tantas e tão profundas reflexões para os brasileiros, por exemplo, não é o Brasil que está se descobrindo e, sim, cada um de nós. Cada um de nós procura identificar-se como brasileiro no seu jeito de amar e respeitar sua Pátria. Como? Por um exame de consciência cívico: que fiz para descobrir o meu Brasil? Qual o meu gesto de reverência para com esta terra que tanto vem lutando por melhores colocações no cenário mundial? Nesse “passado de glórias” (nem sempre) muitos vultos se projetaram na História; outros, também gloriosos, permanecem na obscuridade, aliás, a maioria. Porque, meus pacientes leitores, não há um só brasileiro – do religioso ao político, do Índio ao intelectual, do escravo ao senhor – não há um só brasileiro que tenha ficado à margem desse marco dos 500 anos. Eis porque na Itaocara, aldeada por Frei Tomás de Castela, em 1809, emancipada politicamente em 1890, tem-se debruçado nas janelas do tempo e percorrido estes cinco séculos de terra encontrada. Aqui viveram os índios puris e coroados, ex-donos deste chão. Aqui cantaram suas danças e dançaram seus feitos de valentia. Então, nós não contamos só cento e poucos anos, do aldeamento para cá, nós contamos também, 500 anos. E ainda estamos nos descobrindo. Cada dia, cada hora, cada minuto, todo o povo brasileiro – e nesse povo estão os itaocarenses – está se descobrindo: estuda e trabalha, canta e ri, chora e luta, se desespera e se encanta, reza e agradece.
Meus cumprimentos aos idealizadores desta revista-registro: encontraram nela um jeito peculiar de descobrir o seu Brasil, proporcionando ainda aos leitores e colaboradores um encontro com a nossa real idade através de uma caminhada penta-secular. Os registros aqui afetivados servirão, nos anos que o mundo ainda tem para ser mundo, de uma fonte de reminiscências e estudo, revi vendo uma pequena história dentro da grande História deste Brasil.

Noemi C. Teixeira