Marcelli Mulin Goulart

Marcelli Mulin Goulart

Secretária destacou a atenção do Prefeito Alcione Araújo na área
A Secretária de Saúde de Itaocara, Drª Marcelli Mulin Goulart, tem superado desafio após desafio, desde que assumiu a pasta em janeiro de 2009. Ciente das dificuldades teve que superar a desconfiança de muitos, por não possuir formação em medicina e ser a mais jovem titular da pasta em nossa história. Com muito trabalho e dedicação, mostrou capacidade e competência e agora está colhendo os frutos que semeou durante este período.


Nova Voz
– Quais eram os principais desafios quando assumiu a Secretaria de Saúde de Itaocara?
Drª Marcelli – Penso que alguns fatores terminam chamando maior atenção. Primeiro, por minha formação ser em psicologia e não em medicina, coisa inédita no município. Depois sou a mais jovem Secretária da pasta que já tivemos. Quando assumi, muitos suspeitaram se teria capacidade de enfrentar os desafios da saúde, sendo tão jovem e sem ter formação acadêmica em medicina. Somado a isso, em função de circunstancias, terminei ficando um longo período praticamente sem assessoria, o que me fez desdobrar em funções que normalmente não são diretamente do titular da pasta.

Nova Voz – E as questões relativas às necessidades da população?
Drª Marcelli – Saúde é um dos grandes problemas nacionais. Praticamente todos os municípios do Brasil, vivem a situação de ter uma procura bem maior do que a oferta. Por vezes são necessários a realização de exames ou outros procedimentos complexos, que não estão amparados dentro do orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e então é preciso que a municipalidade, apesar das dificuldades financeiras, venha arcar com as despesas. Graças a Deus temos um Prefeito sensível, que sabe do compromisso com a população mais pobre e faz das tripas coração para não deixar de atender.

Nova Voz – A cobrança é grande, não é mesmo?
Drª Marcelli – Certamente. Não é fácil disponibilizar recursos para tudo que é necessário. Brevemente vou participar de um grande encontro que vai congregar Secretários Municipais de Saúde de todo Brasil, onde, entre outros temas, vamos discutir como construir o sistema de saúde que sonhamos? Vai ser ótima oportunidade para troca de experiências.

Nova Voz – Qual é a importância de ter uma boa assessoria?
Drª Marcelli – Sem sombra de dúvidas é fundamental. Digo pelo ano passado, que como já contei, fiquei praticamente sozinha. Atendia público, via questão dos exames, dos remédios, a parte administrativa, a parte burocrática, o perfil epidemiológico da população, tudo num município com uma rede ampla, que contempla um Hospital, postos de saúde, vastos programas, compromissos fora de Itaocara. Quer dizer, uma carga enorme. Felizmente consegui trazer o Eugênio, que agora está ao meu lado, possibilitando me concentrar nas questões macros que atingem a população de forma geral.

Nova Voz – Já que existem poucos recursos é significante investir na medicina preventiva?
Drª Marcelli – Cuidar da atenção básica é fundamental para melhorar a saúde do cidadão. A partir do momento que tivermos implantado o Programa de Saúde da Família de forma eficiente, iremos reduzir a demanda pela saúde curativa. Temos trabalhado para melhorar este sistema nos Distritos e na zona rural. Os recursos destinados ao PSF estão aquém do necessário. Então é o município que acaba tendo de suprir o que fica faltando.

Nova Voz – Quais os principais programas da Secretaria de Saúde?
Drª Marcelli – Temos o programa a Saúde da Mulher, o DST AIDS, HiperDia, Vigilância ambiental, Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica Saúde do Idoso, de Combate ao Tabagismo, SISVAN (voltado a Gestante), da Saúde Mental, e diversos outros. Minha atuação busca estruturar melhor todos eles. Cito como exemplo, a Saúde do Idoso, onde contamos com a Enfermeira Aline; a Saúde da Mulher, com a enfermeira Laise; o PACS (Programa de Agentes Comunitários de Saúde), cuja responsabilidade é da Enfermeira Kíssila e a Saúde e Educação, voltado para escolas e instituições, com palestras e informações, com a enfermeira Rafaeli. Ao mencionar as três, quero mostrar que não adianta apenas a nomenclatura, fundamental é possuir gente capacitada oferecendo um serviço de qualidade.

Nova Voz – Quando se pensa em saúde preventiva é importante que a população seja parceira das iniciativas?
Drª Marcelli – Sem uma sociedade consciente o esforço governamental é totalmente jogado fora. Muitos ainda têm o pensamento ultrapassado que cabe somente ao governo a responsabilidade por tudo. Não é assim. Nesse mundo contemporâneo é dever da sociedade participar. Veja temos a campanha da Dengue, em que a União, os Estados e os Municípios oferecem funcionários para ir até as casas e aplicar o produto que elimina o mosquito. Mas quantas residências existem em Itaocara? Não é possível aos agentes visitarem todo mundo, todos os dias. Então cabe ao morador colaborar verificando se há água limpa parada, capaz de facilitar a proliferação do mosquito transmissor. Porém muitos continuam deixando pneus, garrafas e até panelas jogadas ao ar livre, propiciando a reprodução do inseto. O resultado são surtos todos os anos, às vezes com casos de morte. Na gripe H1N1 é a mesma coisa. De forma surpreendente, profissionais da área de saúde não se vacinam contra a doença. Funcionários da Fundação Osvaldo Cruz nos contaram casos de médicos que, além de não se imunizarem, orientam gestantes no mesmo sentido. Segundo eles, isto é um jogo perigoso com a vida dos pacientes. Assim é verdade que existe responsabilidade do gestor da saúde, mas pelo menos 50% da responsabilidade é de quem teima em não colaborar.

Nova Voz – Dentro de uma pasta tão complexa, o segredo é dormir pouco e trabalhar muito?
Drª Marcelli – Sou uma pessoa naturalmente otimista, que trabalha no mínimo 15 horas por dia. Procuro estar em contato com as diversas pontas do serviço público de saúde, desde quem faz o atendimento do balcão, passando pelos médicos, até os motoristas que transportam pacientes aos principais nosocômios no Rio de Janeiro e fora do Estado. Alias é bom lembrar que, de segunda a sexta-feira, temos condução saindo duas horas da madrugada para levar pacientes para o Inca, o Instituto Nacional de Traumato Ortopedia (INTO), Hospital Jesus de Crianças e etc. Um ônibus transportando pacientes aos diversos serviços médicos e hospitalares de Itaperuna. De segunda a segunda transportamos doentes que vão fazer hemodiálise, com duas ‘topiques’. Os Distritos de Laranjais, Portela, Jaguarembé e Estrada Nova possuem automóvel nos Postos de Saúde, para transporte dos doentes. Ao todo são 23 veículos a disposição da população na área da saúde. É um grande esforço invisível para grande maioria, que fazemos diariamente.

Nova Voz – Sabemos que quando as pessoas estão doentes, além de tudo é importante receberem o máximo de carinho. Você cobra dos funcionários que busquem atender o público com afeição?
Drª Marcelli – Com absoluta certeza. Precisamos melhorar bastante, mas estou sempre me informando e quando sei de alguma falta de respeito, tomo providencia. Quem já foi atendido por mim, talvez até não tenha tido a solução naquele momento, mas foi tratado com educação. É isso que quero dos funcionários, principalmente aqueles que estão na linha de frente, fazendo o primeiro contato com o público. Infelizmente é mais fácil encontrar quem saiba lidar com computadores, do que com pessoas. Tenho discutido com minha assessoria sobre submeter alguns servidores, dependendo da função que realiza, a uma verificação da capacidade emocional, para averiguar se ele ou ela tem condição de continuar exercendo aquela função.

Nova Voz – Quando o funcionário se empenha em atender bem, qual é o reconhecimento da Secretária de Saúde?
Drª Marcelli – Pela própria educação que tive e depois a formação que a vida me deu, trato todos com a máxima dignidade. Agora quando noto que aquele funcionário vestiu a camisa e está se empenhando em fazer o melhor, respondo na mesma moeda. Ou seja, faço o que puder por ele. O grande valor de qualquer empreendimento está no ser humano dedicado. Este não só recebe o reconhecimento da chefia, mas a própria vida lhe recompensa. De forma objetiva, estaremos criando brevemente um programa voltado a valorizar quem se destaca. Teremos a figura do Funcionário Mês, que vai receber uma gratificação de produtividade e vamos expor sua foto nos locais de atendimento, como exemplo que os demais devem seguir.

Nova Voz – O Hospital de Itaocara está sob administração do Município. Que avaliação faz da gestão deste importante nosocômio?
Drª Marcelli – Estamos avançando nos serviços que prestamos. Temos lá pediatras, geriatras, clínico geral, cardiologistas, ortopedista, ginecologista, pneumologista, geneticistas e outras especialidades. Nosso corpo médico atende 24 horas, dias de semana, sábados, domingos e feriados. A emergência possuí agora uma sala de estabilização, que conseguimos junto ao governo do Estado, com equipamento de última geração. Enfermeiras Chefe atendendo 24 horas. Os ambulatórios estão funcionando bem. No Centro de Saúde possuímos infectologista. No concurso público abrimos vaga para contratação de oftomologista e otorrinologista. Possuímos três UTI’s móveis, sendo que uma delas tem condições de fazer transferência dos doentes graves, com total segurança devido aos equipamentos. Por vezes emprestamos a outros municípios este serviço móvel. Principalmente não estamos acomodados: queremos muito mais.

Nova Voz – É possível modernizar ainda mais o Hospital de Itaocara?
Drª Marcelli – Como disse, temos recebido equipamentos, ampliado o número de serviços. Agora mesmo estamos fazendo a total informatização da parte administrativa e burocrática, o que vai permitir um melhor controle do atendimento prestado, inclusive facilitando a estatística para que possamos saber em que é necessário aumentar o investimento. Preciso ressaltar que nossa Coordenadora Administrativa, Berenice, faz um trabalho maravilhoso.

Nova Voz – E a questão da farmácia básica oferecida pela Secretaria?
Drª Marcelli – Essa área está bem controlada e a população dispõe dos remédios que conseguimos obter em parceria com o SUS. Quando são necessários medicamentos que estão fora do que o SUS considera básico, programamos a concorrência através do sistema de pregão. A farmácia que oferece melhor preço fornece. Lógico que usamos critérios, buscando atender os cardiopatas, os doentes renais, os diabéticos, cuja medicação não é oferecida pela farmácia básica. Afinal os recursos são limitados.

Nova Voz – E o atendimento do CAPS?
Drª Marcelli – O CAPS é minha paixão. Já na administração do Prefeito Manoel Faria, tive a felicidade de trabalhar como coordenadora. Nosso CAPS é altamente estruturado, contando com psicólogos, psiquiatras, neurologistas, enfermeiros, farmacêutico, assistente social, terapeuta ocupacional, auxiliar de enfermagem, auxiliar de oficina. Estimulamos a pintura, a confecção de bijuterias. Temos o programa de volta para casa, oferecido em parceria com o Governo Federal, que atende aos pacientes que ficaram mais de dois anos internados em nosocômios psiquiátricos, com um auxílio financeiro que lhe estimula a voltar para casa e ter um convívio com a família. Possuímos a residência terapêutica, na Cidade Nova, em que a pessoa praticamente assume de volta a administração da própria vida. O CAPS é um projeto de humanização, que combate o triste preconceito que paira sobre as pessoas quando o assunto é doença mental.

Nova Voz – Os Postos de Saúde estão atendendo?
Drª Marcelli – Em Laranjais, Portela e Jaguarembé, temos sim um funcionamento pleno, dentro da política do PSF. Já no Papagaio, na Conceição e em Batatal, vamos buscar equipar e dotar de pessoal qualificado, para que chegue ao nível dos primeiros que citei. O cidadão pode ter certeza que é prioridade fazer todo sistema PSF funcionar da melhor maneira possível.