foto ilustrativa

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Morte, palavra pequena, porém difícil até de ser declarada devido todo o contexto que a acompanha.

A dor da perda, o vazio, podem estar vinculados desde a morte de um ente querido, um animal de estimação, entre outras perdas. O que fazer com a dor? Como lidar com a ausência? Qual seria o mais adequado manejo para essas situações? Como elaborar o luto?

Devemos entender que o luto é o processo inevitável de elaboração de uma perda, em que todas as pessoas que perdem algo passam por isso.  As pessoas não estão preparadas para lidar com a finitude humana, o que torna mais difícil e delicada a aceitação do encerramento do ciclo da vida.

O rompimento do vínculo afetivo existente, o nível de aceitação, o tipo de morte  (repentina ou não), são determinantes essenciais na elaboração dessa perda.

Com as crianças não é diferente, assim como os adultos, vão passar ou estar nesse processo por um tempo longo.

No luto infantil é importante ter o cuidado na comunicação da morte para a criança, que pode tanto ajudar, como também prejudicar. O melhor modo de falar sobre a morte para a criança é respeitando e acompanhando o seu desenvolvimento cognitivo, e o que ela já conhece sobre o assunto; só a partir daí, falar a verdade de forma clara, e em uma linguagem que a criança entenda.

Pais e outros adultos não devem excluir as crianças da experiência de perda como forma de poupá-las, essa atitude poderá bloquear o processo de luto. Cada pessoa, cada criança vivenciará seu luto de muitas e variadas maneiras. A criança enlutada precisa da compaixão e da presença de um adulto próximo, não somente nos dias ou semanas após a morte de alguém querido, mas também nos meses e anos a seguir. Uma criança que passa por um processo de luto rodeada de suporte e apoio, tende a ser um adulto mais saudável.

Segundo a escritora Diane E. Papalia, crianças pré-escolares acreditam que a morte seja temporária e reversível, tal como acontece em muitos desenhos animados nos quais os personagens morrem e voltam a viver. Entre cinco e nove anos a morte é percebida como irreversível, mas não como algo natural e universal. Nesta idade, as crianças não conseguem imaginar que elas ou alguma pessoa conhecida possa morrer. A morte é vista como algo distante, que só ocorre com os outros, a menos que haja uma perda de alguém muito próximo. Somente entre nove e dez anos a morte passa a ser percebida como uma interrupção das atividades dentro do corpo, que faz parte da vida, que é natural.

Devemos aproveitar as pequenas circunstâncias da vida para ensinar sobre a morte, como por exemplo, através de um bichinho de estimação. Nunca troque por outro para poupá-la do sofrimento, devemos entender que viver também é perder.

No processo de elaboração do luto infantil, o mais importante é que a criança expresse seus sentimentos. Deve-se enfatizar que desde que a criança tenha acesso às experiências desse momento, a partir de seu desenvolvimento cognitivo e intelectual, ela tem capacidade para elaboração do luto. O principal papel da família é ajudar nos momentos de tristeza e incentivar que ela expresse seus sentimentos, inclusive os negativos, tais como raiva e culpa, que são considerados normais nesse processo.

As formas de reagir à morte estão também ligadas a cultura, segundo os estudiosos da área, mesmo diante da reação específica de cada pessoa, notam-se padrões comuns que no caso do luto infantil residem em três fases principais.

A primeira fase é a do “protesto” quando a criança não acredita que a pessoa esteja morta e tenta reavê-la. Aqui é comum o pequeno chorar, ficar agitado e procurar o morto pela casa. A segunda fase é a do desespero e da agressividade, quando há certa desorganização da personalidade, mas é aqui também que a criança começa a assimilar a perda do ente querido. Já na terceira fase, a criança começa a buscar novas relações, reaparecendo a esperança. É quando a vida começa a voltar ao normal.

Todos os seres humanos aceitam a morte de uma forma singular. Devemos respeitar, no mínimo, a maneira que as crianças encontram para superar o momento da morte. Elas têm perguntas e buscam o conhecimento, e nós, adultos que muitas vezes, acreditamos que sabemos muito, ouvimos delas as melhores respostas para as perguntas que não saberíamos responder.

Na medida do possível, mantenha os hábitos e rotinas da criança como eram antes da perda. Isso contribui para que ela tenha mais segurança e calma.

Não esconda fotografias ou objetos da pessoa falecida. Isso é uma maneira equivocada de lidar com o luto infantil, pois faz a pessoa querida “desaparecer” sem deixar rastro ou explicação, o que torna a dor da criança ainda maior. É preciso preservar na memória infantil os momentos felizes vividos com a pessoa falecida.

Reforço a importância do acolhimento emocional à criança por parte dos familiares, e a ajuda de um psicólogo pode agir como um facilitador desse processo.

Referências:

PAPALIA, Diane, OLDS, Sally Wendkos. Desenvolvimento Humano. 7. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. 684p

TEIXEIRA, Alyne Nogueira. Expressividade emocional na elaboração do luto infantil: um enfoque analítico-comportamental. Disponível em BVS-Psi.

TORRES, Nione. Luto: a dor que se perde com o tempo (…ou não se perde?). Instituto de Análise do Comportamento em Estudos e Psicoterapia. 2013.

Dr.ª Geany de Cerqueira Lontra Andrade
CRP 05/33510

Psicóloga & Coach – Terapeuta Cognitivo Comportamental – Psicopedagoga (especializada em dificuldade de aprendizagem) – Escritora – Palestrante – Especialista em Ludoterapia (psicoterapia adaptada para o tratamento infantil) – Avaliação Psicológica e Escolar.

https://image.freepik.com/free-icon/whatsapp-logo_318-49685.jpg Atendimentos a crianças, adolescentes, adultos, casais, empresas, estudantes e qualquer pessoa que desejar apoio para compreender seus conflitos e interrogações a respeito da vida.

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