Portela - Foto: Reginaldo Linhares

Portela – Foto: Reginaldo Linhares

Este trabalho surgiu, no colégio a partir de idéias voltadas para o amor ao nosso “Chão”, com o objetivo de resgatar uma visão panorâmica de nossos antepassados e, na medida do possível, de tudo o que se liga à formação de cada família portelense _ das origens à atualidade.

Com isso, houve necessidade de retroceder aos tempos antigos, passando por evoluções e imagens indeléveis à mente humana. A seguir, atingindo a área industrial, comercial e meios de transportes, produção poética e artista local, explorou-se a música (banda), poesia, pintura, artes cênicas, esculturas e manifestações folclóricas que se entrecruzam com o texto original Portela.

Esta coletânea não pretende elencar os “autores” da formação num todo, pois cair-se-ia na deselegância de uma omissão qualquer, mas, e principalmente, acompanhar a evolução de uma forma que leve os ascendentes a se orgulharem de todo ponto conquistado.
Pautou-se em relatos de exímias famílias e acervos, buscando-se a uniformidade e coerência dos fatos.
Passa-se, assim, às suas mãos, esta coletânea, composta de informações que levem à apreciação e propiciem um elo que nunca se desvincule de suas raízes.
Três Irmãos pertencia a Itaocara e era sede do distrito do qual fazia parte Portela, criado em 9 de setembro de 1890 e confirmado pela deliberação de 4 de setembro do ano seguinte.

A Estrada de Ferro Cantagalo, mais tarde Estrada de Ferro Leopoldina Railway, estendeu a via térrea até Portela, onde os trilhos chegaram a 12 de março de 1890, recebendo a estação o nome atual, numa homenagem prestada pelo Barão de Nova Friburgo ao Governador Francisco Portela.

Como se vê, a povoação foi fundada depois de instalado o Município e de existir a estação ferroviária e por obra do Dr. José Joaquim de Almeida Alves da Cunha, engenheiro descendente de antigas e ilustres famílias de São Fidélis, Campos e Mac.aé, que era o proprietário das terras onde hoje existe a Vila e que ele loteou organizando o mapa, demarcando as ruas e praças, vendendo os lotes a longo prazo e por preços baratíssimos, desde que os compradores se dispusessem a neles levantarem edificações.

Esse sinal dinâmico do povo que surgiu da iniciativa privada o tem acompanhado até os dias de hoje, florescendo em Portela novas indústrias capitaneadas pelos sucessores de Antônio Dionysio Maiatto, Edgar Nascimento, Caetano Domingos dos Santos, Camilo Lessa, Antônio Siqueira, Francisco Silva Lessa, Bernardo José de Souza, José Cunha, Sadi e Peri Carrier e outros.

Em 15.06.1904, a Câmara Municipal, que era proprietária dos terrenos que lhe foram destinados, autorizou, por proposta do vereador Albino Pereira de Carvalho, o seu presidente Cel. Pitta de Castro, a dividir tais terrenos em lotes e aliená-los. Em 08.04.1890, em face de existência da via férrea, foi criada a agência do Correio, instalada em 15 de agosto de 1891, sendo Carlos Quintanilha o seu primeiro agente.

Em dezembro de 1905 era criada a comissão para a edificação da capela sob a invocação de Santa Beatriz, assim constituída: Gulherme Mendes – Presidente; Joaquim Ramos – Vice-Presidente; Emiliano de Almeida – 1 ° Secretário; Alfeu Vieira – 2° Secretário; Manoel Garcia de Freitas e Luiz Domingos – Procuradores; Comissão de Finanças: Albino Pereira de Carvalho, Francisco Freire, José Domingues, Carlos Quintanilha e Francisco Domingues.

A capela de Portela foi constituída em terreno doado por D. Maria Amélia Carmo de AImeida Cunha pela escritura de 20 de dezembro de 1910, conforme nota do cartório de Quissamã, 4° Distrito de Macaé, Livro 4, página.96. Em 9 de novembro de 1915, por força da Lei Estadual n° 1.267, a sede do distrito foi transferida para Portela que, nas divisões administrativas que outrora se’ operavam de quatro, em quatro anos; figurou como o 3° Distrito de Itaocara, permanecendo nessa condição até a presente data.

O Nível de 23 de janeiro de 1916, assim noticiava a instalação do Distrito: “Em cumprimento de recente lei votada pela Assembléia Legislativa, foi, pelo Sr. Dr. Francisco Portela Santos, presidente em exercício da Câmara Municipal deste Município, declarada instalada em Portela, no dia vinte do corrente, a sede do 3° distrito que fora, até agora, na povoação fronteira, Três Irmãos. A solenidade de declaração se efetuou na residência do Se João Carvalho de Aguiar, Juiz de Paz compromissado no dia 7 de janeiro, achando-se presentes os senhores vereadores José Dias, Jovino Lima Pinheiro, Joaquim Francisco Ramos, além do Cap, Antônio da Silva Pinto, chefe político governista”.

Sediado o distrito em Portela, a ele passou a pertencer Três Irmãos até que, por projeto do então deputado CeI. Antônio Alves Pitta (CeI. Tota), foi criado aquele distrito, como o 6° do Município de Itaocara, A instalação desse distrito foi também festiva e, em casa do líder distrital Pergentino Rocha foi oferecido banquete com a presença do deputado federal Dr. Carlos de Faria Souto, deputado Estadual Pitta de Castro, Ataliba Marinho, prefeito em exercício, e vários líderes políticos do município.

Em 28 de janeiro de 1944, pelo decreto 1.063, o distrito de Três Irmãos foi desmembrado de Itaocara e anexado ao Município de Cambucí.
Inicialmente Portela pertencia a Três Irmãos e este era o 3° Distrito de Itaocara, Foi criado em 09 de setembro de 1890, Só em 09 de novembro de 1915 é que a sede do distrito foi transferi da para Portela.

Os trilhos da Estrada de Ferro Cantagalo, mais tarde Leopoldina Railway (empresa inglesa) chegaram ao local a 12 de março de 1890, recebendo a estação o nome de Portei a em homenagem que o Barão de Nova Friburgo prestou ao então Governador Francisco Portela, sendo Portela o ponto final desta linha. Esta estação se situava na atual rodoviária.
Antes de se tornar distrito, Portela pertencia aos irmãos Cunha, que tinham dois terrenos nesta localidade. Onde se situa a loja da Nádia existe uma pedra que é o marco da divisão dos dois terrenos, deste marco para cima pertencia ao Sr. Francisco Cunha, do marco para baixo do Dr. José Joaquim de Almeida AIves Cunha. Tudo indica que a primeira família em Portela foi a família Cunha.

Em 15 de agosto de 1891 foi instalada a Agência dos Correios em Portela e teve como primeiro agente o Sr. Carlos Quintanilha.

Por ser Portei a região do café, e muito movimentada, existiam 3 hotéis e 5 pensões onde se hospedavam os visitantes. Desses 3 hotéis, um pertencia ao Sr. Jascinto Ferreira, onde atualmente reside o Sr. Bento Francisco de Almeida; o outro localizava-se do Bar do Altivar até a casa do Jairo e os fundos até o Sr. Eugênio Frossard, seu nome era Hotel da Estação; o outro ia da Farmácia Santa Beatriz até a beira do rio passando pelo armazém do Paulo Mozart de Almeida, seu nome Úa Hotel Fluminense e seu proprietário o Sr. Francisco Lessa.

Em Portela havia 2 cinemas, 2 escolas, sendo uma feminina e a outra masculina, existiam também várias lojas, sendo uma em frente à Metalúrgica Macedo, e nela vendia-se várias roupas que vinham até de Paris, outra onde se localiza atualmente o Portela Esporte Clube e outra onde atualmente é a propriedade do Sr. Almir Azevedo, nos fundos da igreja católica; havia 2 padarias e 3 farmácias, sendo uma do Sr. Jaime Queiroz de Souza, outra do Sr. Guilherme e a outra onde reside atualmente o Sr. Aguimar de Souza Lessa. Havia uma casa onde se alugavam bicicletas cujo proprietário era o pai do Sr. Ulysses. Também na Vista Alegre havia uma loja de tecidos cujo proprietário era o Sr. José Feliciano dos Santos.

O primeiro carro a circular em Portela foi do Sr. Antônio Dionísio Mayato, pai da Dona Mathilde Mayato Macedo (Tilinha).

Portela contava também com uma banda de jazz. Antônio Correa da Rocha e Jaime Queiroz de Souza dirigiam esta banda. Portela também contava com 3 grupos de carnavais que eram os Democratas, Aventureiros e Bloco de Ouro.
Na com arca do município que era Itaocara, criaram uma espécie de Banco Mundial que servia para as pessoas guardarem suas economias, que se chamava Caixa Rural.
Existia também em Portela um banco chamado Banco Ribeiro Junqueira S/A da família Junqueira de Minas Gerais.

Quando Portela ainda não tinha uma igreja, as celebrações eram feitas debaixo de uma árvore na beira do Rio Paraíba do Sul, em louvor a São Sebastião. Certa vez, foi pedido a uma senhora de nome Beatriz a doação de um terreno para a construção de uma capela, o que foi prontamente atendido. Em sua homenagem, portanto, foi escolhida como padroeira da igreja santa também chamada Beatriz.
São Pedro ganhou sua capela em Portela através de um leilão que aconteceu na casa do Sr. José Leonino.

Contava a saudosa D. Arice Corrêa que enquanto os pedreiros trabalhavam ela cozinhava para eles comerem.

Outro grande colaborador da construção da Capela de São Pedro foi o Sr. Antônio Corrêa da Rocha, esposo da saudosa D. Arice.

A festa de São João teve início no ano 1974, organizada pelos senhores Peçanha e José do Erotídio. Na noite de 23 para 24 de junho daquele ano, os senhores acima chegaram de carro de boi na rua Corrêa da Rocha, mais conhecida como a “Rua do Abel”, dizendo que iam fazer uma fogueira ali, e que iam passar por cima dela. Como achei interessante, esperei até o horário que eles disseram, 12 horas – para ver se era verdade. Como de fato, eles passaram e não se queimaram. No ano seguinte, fiz uma fogueira maior para eles passarem, e eles passaram novamente não se queimando. Junto com eles haviam mais duas pessoas: Sr. Fidélis e D. Joana.

Já no terceiro ano, a fogueira dobrou de tamanho, e mais gente ainda passou por ela. Neste ano, Armando e José, juntos, ajoelharam-se no meio da fogueira.

O Sr. Júlio do Congo, que morava no Rio de Janeiro, veio para pagar uma promessa: passar na fogueira. Mas o ônibus que o trazia, que deveria chegar às 12 horas, não chegou no horário, atrasando meia hora. Pois Júlio, que não queria perder a viagem, esperou dar duas horas da manhã e passou pela fogueira não queimando seus pés. Isto é questão de fé!
E de 1974 até hoje, fazemos a festa no dia 23 de junho em louvor a São João.

CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE PORTELA

Este trabalho não tem a intenção de encerrar a nossa história, contudo, contribui para que os fatos não sejam esquecidos e nem perdidos com o passar do tempo, mas, principalmente, deixar lacunas para uma continuidade de outras descobertas plausíveis referentes à nossa tão amada Portela.
Torna-se, então, necessário que cada filho desta terra e demais leitores se comprometam em buscar mais informações que acrescentem ou retifiquem as já exploradas, em outras edições.

Homenagem à terra natal: a ti, Portela

Portela meu rincão bastante amado Terra sublime dos amores meus Comecei aqui meu aprendizado Por isto eu quero bendizer a Deus.

Faz-me lembrar dos tempos bem saudosos Das festas de São Pedro e São João Noites sublimes, dias bonançosos
São as lembranças do meu coração.

Portela as noites frescas de luar Deixa nos olhos fitos no horizonte Quando a quietude volta ao nosso lar E o sol se esconde lá por sob o monte.

Finalmente hoje tudo está mudado Dum pensamento mau, a cousa bela
Eu vendo o povo assim desanimado Fico sofrendo junto com Portela.

(Apud Almerindo Jacintho de Mello, Ideais de um Amador, 1938).

Fonte: Livro Nilza Viegas