ITAOCARA (sede)
Itaocara - 1° Distrito

Itaocara – 1° Distrito

…E a Aldeia da Pedra se fez Curato da Aldeia da Pedra.
Lá pelos idos de 1812 a vida na Aldeia da Pedra corria mansamente, apesar do progresso que se ensaiava, Os índios já iam ficando raros e espalhados pelo território da Aldeia. Na atual localidade de Água Preta, nas margens do valão do mesmo nome, ficavam os coroados, ali aldeados por Frei Tomás, em terras demarcadas pela Coroa. Os puris, que eram nômades e indomáveis, acompanhavam os animais que caçavam, indo da atual localidade de Monte Puri, no 4° Distrito, até o Ribeirão das Areias, em Laranjais, mas habitavam também na região norte, nas margens do Rio Pomba (onde hoje estão Funil e Aperibé, ambos na época, territórios da Aldeia) em número de 500 a 600, vivendo no meio das matas. Ainda existiam os coropós e os botocudos. Em 1814 morreu, aos 60 anos de idade, José de Leonissa e Silva, primeiro Capitão-do-Mato da Aldeia, que era casado com a índia Rosa…

No dia 24 de novembro de 1812 a Aldeia, que na época chamava-se D. Marcos, recebeu a visita do bispo José Caetano da Silva Coutinho, que a elevou à categoria de Curato, sob as bênçãos de São José de Leonissa da Aldeia da Pedra, nomeando seu primeiro cura o Frei Tomás de Civita Castello, que continuou na luta para paroquiar os índios, catequizados. Mas os puris eram indomáveis. Ele conseguiu, entretanto, aldear os coroados. Aos poucos, o Curato da Aldeia da Pedra foi sendo tomado pelos colonizadores portugueses, pelos emigrantes turcos, italianos e mesmo nacionais brancos.

O Cura Frei Tomás de Castelo, que era capuchinho italiano, faleceu em 16 de abri I de 1828 e foi sepultado na Igreja Matriz de São Fidélis, onde se encontram seus restos mortais. Sucedeu-o, nomeado pelo Bispo Dom Manuel do Monte Rodrigues, para ocupar o lugar de Vigário Colado, o Padre José Joaquim Pereira de Carvalho, que aqui chegou em 30 de agosto de 1847 e faleceu no dia 15 de janeiro de 1900, trucidado a pedradas na frente de sua casa. De 1827 até 1835, foram batizados 1440 índios dentre coroados, puris, botocudos e coropós, conforme informa Frei Flórido de Caste110, em seu oficio datado de 22 de julho de 1835, “ao Ilmo. Sr. Juiz de orphãos da vila de São Salvador de Campos”.

Como diz Alaôr Eduardo Scisínio, “os índios, pouco a pouco, iam sendo compelidos a abandonarem a Aldeia”. Debret passou por ali entre 1834 e 1839 e afirmou: “Existem algumas famílias de coroados na Aldeia da Pedra, à margem do Paraíba superior.” (Viagens, Tomo I, p. 31).

O Curato de São José de Leonissa da Aldeia da Pedra, que era filial da Matriz de São Fidélis, obteve foros de Freguesia, de natureza coletiva, pela Lei n° 500, 21 de março de 1850, com os limites estabelecidos em setembro de 1812 quando foi elevado a categoria de Curato. Nesses tempo o progresso já alcançava grandes proporções e a Freguesia era parte integrante do município de Campos. O seu vigário continuava sendo Frei Flórido, que praticou o seu Último ato em 23 de agosto de 1857. A Freguesia de São José de Leonissa da Aldeia da Pedra tinha foros de cidade. Lamego in O Homem e a Serra, p. 286, diz que “uma fábrica de cerveja no pequeno burgo indicava o consumo por uma população alienígena, e o seu movimento de passageiros exigia quatro hotéis e duas casas alugadoras de troles (o automóvel da época) para a condução entre as fazendas e a estrada de ferro”.

Em 1885 a Freguesia era ponto final da Estrada de Ferro de Cantagalo. Por esses tempos (1888) os índios já não mais existiam na “zona urbana” da vila. Nesse período, o da Freguesia, viveu-se o ciclo do café, que a história registra como tendo sido muito produtivo e importante. Em 25 de abril de 1846 foi passada a primeira provisão, autorizando a construção de cemitério, em favor do Dr. Bernardo Clemente Pinto.

O cemitério que ainda se vê na Bóia, na divisa com Cambuci, tem sua provisão datada de 5 de setembro de 1849, a favor do fazendeiro José Joaquim Paes da Fonseca. No meado do século XIX, tempos da Freguesia, havia, conforme relato do Prof. Moisés de Carvalho Gama, uma estrada de ferro com vagões puxados a burro, ligando Ibipeba (hoje zona rural do 3° distrito de São Sebastião do Alto) a Itaocara, passando pela Serra Vermelha. Ainda hoje se pode ver vestígios dessa ferrovia nas várzeas de Ibipeba e a tem Itaocara, na propriedade do Sr. Adolvani Soares.

Os habitantes da antiga Aldeia da Pedra, depois Curato e Freguesia de São José de Leonissa, julgavam ter razões de sobra para serem avessos ao regime monárquico, apesar das visitas do Imperador à região, quando, às vezes, ficava na Fazenda da Serra Vermelha, hoje propriedade do Sr. Cláudio Gualberto, e de alguns títulos de nobreza ofertados à algumas pessoas do local. O sistema monárquico era centralizado e os municípios não tinham autonomia plena. Além disso, durante a monarquia, a religião oficial era a católica, o que significava dizer que todas as outras eram consideradas clandestinas ou apenas toleradas. Os padres recebiam salários dos cofres públicos; o casamento civil não existia; o voto popular era restrito a um reduzido número de pessoas que satisfizessem a certos requisitos, ou seja, posição social e renda; a mulher não tinha direito ao voto e os senadores tinham mandato vitalício. Tais fatos eram repudiados pelos moradores da Aldeia.

As idéias revolucionárias, pregadoras da república, chegavam à Aldeia trazidas pelos ventos da modernidade que sopravam em outros países, inclusive da própria América. A grande maioria das pessoas, principalmente os formadores de opinião, não se conformava com este estado de coisas e achava que o Brasil com a monarquia estava fadado a ficar fora do carro do progresso. Os habitantes da Terra de Frei Tomás pensavam assim. Daí o nascer e crescer da campanha republicana nas terras que viriam a formar o município de Itaocara.

O exemplo de Liberdade, Igualdade e Fraternidade já tinha sido dado em todos os rincões da Aldeia através de Ana Catarina de Azeredo, a Sá Dona. Dela foi o primeiro grito contra a escravatura. O auge do repúdio ao governo monárquico foi alcançado nas terras da Aldeia da Pedra com a criação do “Club Republicano de Estrada Nova”, cuja fundação ocorreu no dia 14 de julho de 1888, inclusive com a presença do “Arquiteto da República”, Quintino Bocaiúva.

Por terem sido pioneiros na divulgação do programa republicano, os líderes estrada-novenses passaram a gozar de grande prestígio junto ao movimento republicano e com a vitória deste, e a conseqüente proclamação da República, fato ocorrido em 18 de novembro de 1899, como prêmio receberam, através do primeiro governador republicano da província do Rio de Janeiro, Francisco Portela, a criação do distrito de Estrada Nova, em 10 de setembro de 1890, mas como parte integrante do município de Cantagalo. Mas os republicanos da Aldeia da Pedra queriam a criação do município de Itaocara, inclusive reivindicando que nele fosse incluído o recém-criado distrito de Estrada Nova, cujo território anteriormente pertencera à Aldeia da Pedra.

Tal pretensão foi coroada de êxito e em 28 de outubro de 1890, pelo Decreto n° 140, foi criado o Município de Itaocara. O povo exultou de alegria e as festas aconteceram durante alguns dias ao sabor de discursos, fogos, comemorações. Afinal, a liberdade! As primeiras autoridades nomeadas para administrar o novo município foram Dr. João José de Sá: Intendente, tendo a auxiliá-lo os membros da Intendência, Major João Baptista Heggendorn, Reynaldo José Machado e Augusto Poubel.

Delegado: José Joaquim da Cruz Braga. Tabeliães: 1° Oficio – José Luiz Marinho; 2° Oficio – José Joaquim Pereira de Carvalho. Escrivão de Rendas: Artur Ferreira de Oliveira e Silva. A primeira divisão política de Itaocara foi dada pela Deliberação de 4 de setembro de 1891, que ordenou o município em quatro distritos: 1 ° Distrito: Vila (a sede); 2° Distrito: Conceição da Estrada Nova; 3° Distrito: Três Irmãos; e 4° Distrito: Pedro Corrêa (atual Aperibé).

A ORIGEM DO NOME ITAOCARA

Segundo Alaôr Eduardo Scísinio (Itaocara, uma democracia rural), “o nome teria sido sugerido pelo médico gaúcho e político miracemense Dr. Francisco Antunes Ferreira da Luz, professor de reconhecidos méritos, querendo ele que a palavra significasse ITA (pedra) OCARA (aldeia). Para Silveira Bueno, catedrático de Filologia Portuguesa da Universidade de São Paulo, como afirma no seu Dicionário Etimológico Prosódico da Língua Portuguesa, “Itaocara vem do tupi ITA (pedra), OCAS onde há oca, casa, ARA- lugar, da casa de pedra”.

Antenor Nascente, no seu Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, diz que “Itaocara vem do tupi “Itao’kara, terreiro ou praça empedrada”, com apoio em Batista Caetano, autor do Vocabulário das palavras guaranis. Mendes de Freitas, tupinólogo, dizia que o nome Itaocara provinha das expressões indígenas Ita-okaiara, que significaria a “mulher bonita da casa de pedra”. São estas as versões que justificam a toponimia do Município.

SÍMBOLOS

O Brasão de Armas e a Bandeira do Município de Itaocara têm a seguinte descrição heráldica: O Brasão – “Escudo Português cortado de dois traços formando três faixas. Na primeira, partida, em campos de goles (vermelho), um penacho silvícola de ouro; na segunda um campo de blau (azul), o símbolo da Ordem Franciscana, em prata e ouro. Na segunda faixa, também partida, em campo de prata, uma corrente, de negro, cortada ao meio, em campo de ouro, um barrete frigio na sua cor, encimado por três estrelas postas em faixas e mais duas outras nos cantos inferiores do mesmo campo, todas de goles (vermelhos). Na terceira faixa ou campanha, em campo de blau (azul), um penhasco de ouro, pulsante à margem de uma faixa ondulada de prata que, por sua vez, pousa sobre um campo de sinóple (verde).

Na base, sobre um listão de goles (vermelho) em letras de prata, as datas e o topônimo: “1809-Itaocara-1890″. Tudo encimado pela coroa mural de cinco torres de prata, que é da cidade” .
“A bandeira do município de Itaocara obedece o formato e as normas adotadas para confecção da Bandeira Nacional, constando de um retângulo azul celeste, tendo inscrito um losango branco, em cujo centro é colocado o Brasão de Armas do Município”.

SITUAÇÃO GEOGRÁFICA E POLÍTICA

Itaocara localiza-se à margem direita do Rio Paraíba do Sul, no noroeste do estado do Rio de Janeiro, estendendo-se por uma área de 439 km2, com as seguintes coordenadas geográficas: 21 ° 40′ 4″ de latitude sul e 42° 04’58” de longitude W. Gr. Sua altitude é de 56m. O território do município é geralmente montanhoso e no seu relevo sobressai a Serra da Água Quente com 289 metros (segundo a Enciclopédia dos Mun. Bras., Vol. XXIII), a Serra de Portela e a Serra Vermelha, constituindo estas no divisor de águas das bacias do Rio Paraíba e Rio Negro, funcionando como centro dispersor. Itaocara dista da capital do estado, Rio de Janeiro, 264 km.

Suas divisas são, atualmente, com os município de Pádua e Aperibé, ao norte; Cambucí e São Fidélis, ao leste; São Sebastião do Alto, ao sul e com Cantagalo, a oeste. A hidrografia do município é formada por duas bacias, a do Rio Paraíba e a do Rio Negro (poder-se-ia até a incluir o Ribeirão das Areias como em sendo outra bacia). Em relação ao seu solo, predomina o Mediterrâneo Vermelho Amarelo, conforme perfil localizado na Rodovia Batatal-Laranjais, a 5,2 km de Batatal, a 300 metros à esquerda, e o relevo é forte ondulado. O clima é tropical, quente e úmido, com a temperatura máxima chegando até a 40°.

De 28 de outubro de 1890 até o ano de 1892, Itaocara era administrada por um intendente, uma espécie de interventor. O primeiro deles foi o Dr. João José de Sá, que governou até 1891. Seu sucessor foi José Joaquim da Cruz Braga até 1892, quando, neste ano, foi organizada a Câmara Municipal e a competência para administrar o município (como acontece até hoje em Portugal) passou a ser do seu presidente. O primeiro deles foi o Cel. José Ferreira Guimarães, que governou de 1892 a 1894.

O Último dos presidentes da Câmara que acumulou funções Legislativas e Executivas foi o Capitão José Dias, farmacêutico e líder político de Jaguarembé, no período de 1918 a 1921. Em 1922, com a tripartição dos Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) também em Itaocara, a administração passou a ser exercida por um Prefeito Municipal e o primeiro deles foi o Coronel Antônio da Silva Pinto, naquele mesmo ano. Daquela época (1922) até hoje, Itaocara já teve 43 prefeitos e a atual (ano 2000) é o Dr. Robério Ferreira da Silva (PPB), médico, que exerce o cargo pela segunda vez. A atual Câmara de Verea- mar Lessa e o médico Robério dores é composta de 13 vereador- Ferreira da Silva.

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Emancipado Itaocara, a febre do progresso começou a alastrar-se por todo o seu território através de indústrias, comércio, agricultura, pecuária, extração de madeira, extração mineral.

Em princípio, a principal atividade econômica de Itaocara era a extração de madeira (que foi sucedida peio café), principalmente jequitibá, jacarandá, sucupira, braúna, arueira, cerejeira, cedro, vinhático, peroba, etc., cuja derrubada e transporte, numa espécie de trenó pertencente ao fazendeiro, era feita pelos índios até a margem do rio. As madeiras, em toras, desciam pelo rio Paraíba até o porto fluvial de São Fidélis, no mesmo rio, onde a madeira era embarcada. Plínio Lourenço de Souza (o Bilete) foi o principal madereiro de Itaocara. A extração era quase sempre margeando o rio Paraíba.

No fim do século dezenove a principal lavoura de Itaoeara era o milho, havendo em cada queda d’água um moinho de pedra e em quase toda fazenda uma fábrica de fubá. Em 1920, segundo o jornal O Nível, de 17 de outubro daquele ano, a exportação de milho foi de 6.293 toneladas contra 3.561 de café. Depois, com a febre de consumo de cana-de-açÚcar pelo Engenho Central e pelos muitos alambiques de cachaça, a monocultura da cana prevaleceu nos distritos de Estrada Nova, Laranjais, Portela e parte de Itaocara. O distrito de Jaguarembé, por suas pequenas propriedades, sempre praticou a policultura. O suporte financeiro, no passado, para a atividade rural, era dado pela Caixa Rural, que era presidida pelo Cel. Manoel Lourenço de Souza.

Em 1912 o Dr. Bernardo Dias Ferreira escolheu o terreno para funcionar o “Campo de Demonstração Agrícola do Ministério da Agricultura”, o atual Campo de Semente, onde se teve grande plantação de mamona, cujo cultivo e beneficiamento iniciou-se em 9 de janeiro de 1925. A produção era exportada para Campos e São Paulo. Segundo a Emater, em 1989, havia em Itaocara 3.700 ha de áreas plantadas de cana-de-açúcar, com uma produção de 203,5 mil toneladas, Com o fechamento da Usina do Engenho Central iniciou-se o fim do ciclo da cana, fato este que se conclui agora com a crise que se abate sobre os “Engenhos de Cachaça”, que, até recentemente, eram sete, o que dava a Itaocara a liderança, no Estado, da produção de aguardente.

Durante o governo Joaquim Monteiro (1977-1983) foi criado, com apoio da Emater, o Mercado do Produtor Rural, em Ponto de Pergunta (Jaguarembé). A partir daí Itaocara começou a entrar no ciclo da olericultura e hoje, a nível de produção geral (tomate,jiló, abóbora, pepino, berinjela, maracujá, goiaba (Conceição), etc., o 2° no Estado, e o primeiro na produção de quiabo. As “pedras” do Mercado, que é informatizado, funcionam nas segundas e quintas-feiras e o movimento de pessoas e veículos é enorme.

Fala-se muito em projetos de fruticultura para o município, mas, a rigor, isto ainda não aconteceu. O distrito de Jaguarembé lidera a produção de hortifrutigranjeiros a nível municipal. Durante os anos de 1997 e 1998, iniciou-se uma verdadeira “guerra” entre os policiais lotados na patrulha rodoviária de Ponto de Pergunta e os produtores rurais, com as prisões, inclusive arbitrárias, de muitos destes Últimos. Hoje, ao que parece, tudo está pacificado.

AGRICULTURA

A nível agrícola, os principais acontecimentos em Itaocara foram a construção do prédio do Instituto Brasileiro do Café (IBC), no Ponto de Pergunta, que não chegou a funcionar, a criação da Fazenda Experimental do Campo de Semente (hoje Pesagro), a chegada da EMATER, a organização da Exposição Agrícola, a criação do Mercado do Produtor, no Ponto de Pergunta e a implantação do PRONAF, Programa Nacional de Incentivo à Agricultura.

A pecuária é bem desenvolvida em terras itaocarenses. A princípio o rebanho bovino era composto de animais destinados aos serviços de transportes, aração de terras e tração de máquinas. O contigente de gado leiteiro era pequeno. Os maiores especialistas em Itaocara no comércio de gado foram Pedro de Souzq Coelho, Benedito Joaquim Vieira, JoséVieira e Arnóbio Raposo. O precursor da participação do gado itaocarense em exposições foi o Capo Jovino Pinheiro que, em 1922, participou da Grande Exposição da Independência e, dos seus nove animais participantes, cinco foram julgados dignos de concorrerem ao certame. O gado Guzerate, a princípio, só era visto nas Fazendas Barra do Pomba, Boa Vista, do Cel. Roque Teixeira e na de São Benedito, de Octávio Correia.

Depois disseminou-se por outras fazendas. O grande impulso ao gado leiteiro veio com a criação da Cooperativa Agro-Pecuária de Itaocara, que deu-se através do contador Francisco Alexandre e do Prof. Domingos Abbês, catedrático da UFF, com apoio de Eduardo Scisínio Dias, Licério Corrêa, Joanino Pinheiro, Alberto Laranja, José Francisco da Rocha, Clóvis Monnerat, Plínio Lourenço, Dr. Antônio José Waghabi, Margarida Monnerat, Paulo Erthal, Marino Coelho de Orne lias (a quem um dia a história fará justiça como um dos mais progressistas), Pedro de Souza Coelho, Sotter Lannes, Aristides Machado da Silva, Pedro Arsênio dos Santos Sobrinho, Otílio Pontes, Dr. Sabino Catete e Silva e muitos outros.

Hoje a CAPIL é uma potência, fabricando derivados do leite, como manteiga, doce de leite, requeijão, todos de excelente qualidade, e participa do fechado “clube” dos empacotadores do conhecido leite “longa vida”, em caixa. Hoje dirigem a CAPIL os doutores Alcione Corrêa de Araújo e Manoel Faria e o ex-bancário e produtor rural Paulo Alves, neto do líder político do passado, Cel. Roque Teixeira. A criação de eqüinos também se faz presente em Itaocara e alguns haras, çom animais premiadíssimos, existem: da Fazenda Cachoeira Alegre (Dr. Silvio), Poubel, Maiato…

FAUNA NATURAL

A fauna ofidiológica itaocarense já foi muito rica. As cobras continuam existindo, com menos quantidade, mas com as mesmas espécies de antigamente: cobra-d’água, cobra-coral, jararaca, limpa-campo, jibóia, jararacuçu, surucucu, etc. A avifauna: Muitas aves já foram extintas e muitas outras estão em fase de extinção. O avinhado, por exemplo já não existe.. Mas ainda existem papagaio, arara, maritaca, bacurau, periquito, sabiá, bem-te-vi, coleiro, canárioda-terra, sanhaço, rolinha, flamengo, anu, garrinha, joão-de-barro, pica-pau, melro, viuvinha, tiziu, galinho-da-serra, quero-quero, biquinho, saíra, caga-cebo, godero, martim pescador, galinho da serra, pardal (e muito), marrecas, saracura, pato d’água, juriti, garças (destacando-se a grande concentração delas no Ninhal das Garças, no Porto Marinho) etc.

Fauna quadrúpede: Junto com o desaparecimento das matas, também foram desaparecendo muitas espécies de animais. Ainda existem paca, capivara, ouriço, tatu, cachorro e gato-do-mato, gambá, preá. Algumas espécies de macacos ainda são encontradas, principalmente na cordilheira da serra da Água Quente. A onça jaguatirica ainda pode ser vista na serra de Santa Bárbara, no 2° distrito. Fauna ictiológica: O rio Paraíba do Sul é muito rico em peixes, principalmente agora com a volta de algumas espécies que estavam extintas na região, como a piabanha, o surubi e o tucunaré.

Graças ao Projeto Piabanha, que vem repovoando o rio, com a soltura de milhões de alevinos, e os peixes que, com as cheias, fogem dos açudes, o Paraíba volta a ser piscoso. Dourado, robalo, piau, grutã, bagre, traíra, cascudo, piaba, cará, tilápia, mandi, camarão pitu e muitas outras espécies, O Iate Clube de ltaocara organiza, anualmente, torneios de pesca ao dourado e piau – eventos que extrapolam os limites do município. Atualmente está em pleno desenvolvimento no rio Paraíba a “pesca ecológica”.

COMÉRCIO

Nos primeiros tempos de vida itaocarense predominava o comércio esparso, com grandes estoques em casas comerciais e nas sedes de algumas fazendas. Nos primeiros trinta anos do século XX, até] 930, os sírios-libaneses dominavam o comércio, principalmente em Laranjais, destacando-se dentre eles Jorge Elias, Abib Darnix, Said Abid Sarruf, Salim Pedro, Tanus Calil. Em Cel. Teixeira (hoje Batatal), os Nassif.

Em Itaocara, a maior casa comercial era localizada na Praça Cel. Guimarães e dela eram sócios Antenor Machado e José Caldas. Vendia arreios, perfumes franceses e representava a Kodak e alguns plantadores de fumo de Valão do Barro. Por essa época existia a Caixa Rural, dirigida por Manoel Lourenço de Souza. Nas décadas de 50 e 60, muito prosperou o comércio em Jaguarembé, onde despontavam as casas comerciais de Altir de Oliveira Pinto, Didivar Marra, Tomás Gama, Agrípio Souza, Manoel Cabral, Manoel Meio e Paulo Brito. Havia dois postos de gasolina no município, um em Ponto de Pergunta de Aristides Ignácio, e outro em Itaocara, onde hoje está situado o Banerj, de Cid Medina. Em ] 980 o Censo Comercial apontava] 78 estabelecimentos comerciais, com apoio de duas agências bancárias, o Banco da Lavoura e o Banco Predial. Hoje, já no ano 2000, Itaocara conta com um comércio bem diversificado, especializado e próspero: Supermercados Superaldial, JV, Popular, da Capil, Saints, etc.

Dezenas de farmácias, eletrônicas, boutiques, quatro postos de gasolina, quatro agências bancárias, lojas de tecidos, sapatarias, lojas de informática, representante de produtos farmacêuticos – a Ita Representações, dezenas de bares, sete hotéis, a Cooperativa Agro-Pecuária, duas revendas de automóveis e casas especializadas em tintas, dentre outras. A grande saudade, a nível de comércio, fica por conta da Casa Resende, de Manoel Borges Resende, que era localizada onde hoje está situado o Banco do Brasil.

Prestadores de serviços: a Casa de Saúde João XXIII, o Hospital de Itaocara, escritórios de contabilidade, prestadores de serviços telefônicos – Telemar e Telefônica Celular, que substituíram a antiga Cotita, companhia telefônica genuinamente itaocarense, dezenas de advogados, médicos, dentistas, oficinas mecânicas, dezenas de táxis, linhas de ônibus municipais (Viação Batatal) e intermunicipais (Natividade, Brasil, etc.) e outros.

INDÚSTRIA

Itaocara já teve uma grande indústria, a Usina Engenho Central Laranjeiras, fabricante de açúcar e álcool, mas que foi fechada há algumas décadas, provocando desemprego e êxodo populacional. Hoje Itaocara tem uma metalúrgica – a Macedo, de Portela, a Fundição Centenário, fábricas de móveis, confecções, cinco alambiques de aguardente em funcionamento e algumas indústrias de fundo de quintal, o que, sem dúvida, é muito pouco para um município de 09 anos.

Apesar desse quadro, o município tem perspectiva de progresso futuro, eis que o seu potencial para industrialização é muito grande: a maior e melhor reserva de calcário para o fabrico de cimento, vidro e porcelana; o fósforo branco (raro); o feldspato; a malacacheta, o ouro (cerca de uma tonelada de ouro foi extraído nas águas do Paraíba no ano de 988), pedras preciosas e semi-preciosas, o tomate, para fabricação de concentrados; o bagaço de cana para fabricação de papelão e qualquer outra indústria que exija mão-de-obra farta e barata. Todavia é preciso que o governo municipal tenha vontade política (e capacidade) para transformar o sonho da industrialização em realidade. A criação de distritos industriais e oferecimento de incentivos fiscais parecem ser soluções possíveis.

EDUCAÇÃO

A nível de educação Itaocara ressente-se de não ter uma ou mais faculdades, apesar de uma delas, a de Engenharia Agrícola, estar garantida na Constituição do Estado e cuja implantação se daria através da UENF. O primeiro e o segundo grau são ministrados em excelentes escolas, como o C.M. Prof. Nildo Caruso Nara (ex-João Brasil e cujo nome foi escolhido em votação ocorrida no gabinete do então prefeito José Romar Lessa, no governo de ] 993/1996), o C.E. Frei Tomás, o C.E. Teotônio Vilela, o CIEP 275, e outros nos distritos. Os particulares mais importantes são: Chapeuzinho Vermelho, escola ALFA, SEI. A grande saudade itaocarense, em relação ao ensino, é o Colégio Itaocara.

PANORAMA ATUAL

A divisão política de Itaocara atualmente é a seguinte: ] ° distrito, Sede; 2° distrito, Laranjais; 3°distrito, Portela; 4° distrito, Jaguarembé; 5° distrito, Estrada Nova e 6° distrito, Batatal – o caçula deles. O point principal do comércio itaocarense está situado no Calçadão do Centenário, que ocupa trecho da antiga rua Nilo Peçanha, e na rua Cel. Pita de Castro, havendo, ainda, outras ruas com intensos movimentos comerciais. A rua São José, no Centro, que é prolongamento da Rodovia RJ-] ] 6, a mais importante do estado, vive, nesse início de século, quase que totalmente com o trânsito engarrafado e a ponte Ary Parreiras, que foi construída na década de 30, durante o governo (municipal) de Alcebíades Carvalho, já não suporta o grande íluxo de veículos e nela, também, o trânsito vive constantemente congestionado.

O “senadinho” itaocarense, onde se continua discutindo de tudo, inclusive política, continua localizado àrua Cel. Pita de Castro, nas 4 Esquinas. Alguns monumentos resistem ao tempo: O Monumento à Matemática, o único do mundo, continua intacto. A mesma sorte não tiveram o globo da Praça da Geografia, hoje destruído, Adão e Eva (Praça do Paraíso), o Túnel do Tempo, na Praça da Ciência, ao lado da Prefeitura. O monumento a Moisés, apesar de sua péssima conservação, continua de pé e a Concha Acústica, criada pelo Df. Carlinhos para sediar shows e Óutros eventos, permanece desativada. O Parque Faria Souto, o velho, principalmente a piscina pública já não funciona de há muito e sua fonte luminosa também. Aliás, diga-se que Itaocara, a sede, não tem nenhuma fonte luminosa funcionando.

Os Quiosques (nascido para ser o melhor point de Itaocara, ao lado do Luau, no Parque Pedro Eugênio Sardinha, construído e inaugurado no ‘Ú1timo governo José Romar, está em franca decadência. As churrascarias Recanto da Saudade e Tio Pião são mesmo só saudades, como outras imorredouras recordações de tempos áureos e findos: o aeroporto, o dancing, o lampadário, o orquidário, a biblioteca ao ar livre, o hipódromo, a ponte pênsil de Portela, a casa do estudante, com bondinho elétrico, o campestre do povo, com sua barca elétrica, o aquário, o museu do índio, a contadora de história. Mas nem tudo é saudade: Itaocara, a princesinha do Paraíba, entra no Terceiro Milênio como uma das mais importantes cidades do Noroeste Fluminense, onde, a nível de beleza urbana, destaca-se a orla do rio Paraíba do Sul.

Recentemente, em 1988, foram descobertos três curiosos “fornos”, com idade, segundo os entendidos, que remonta a cerca de 300 anos. Com profundidades de cerca de 1,50 metros e com excelente acabamento de impermeabilização, com material ainda hoje desconhecido, eles ostentam diversos furos, milimetricamente calculados, em sua parte superior. Em um deles foram encontrados fragmentos de porcelana holandesa. Eles estão situadas, coincidentemente, no 4° distrito, em Santa Cruz (perto de Jaguarembé de Cima), Ouricana e Jaguarembé.

Diversas versões sobre a utilização de tais “fornos” existem: segundo alguns, seriam utilizados pelos índios puris para cremar os corpos de seus mortos; outros dizem que eram simples fornos para o fabrico de carvão. Não faltando aqueles que especulam que tais fornos serviam para o fabrico de “reboco” com destinação a obras. Outros, ainda, dizem que eles serviam para fundir ligas de ferro, aço ou até para fins de me tais preciosos. O certo de tudo isso é que eles, os fornos, são muito antigos. Tão antigos que nenhum morador da região, por mais velho que seja, nunca nem ouviu os seus antepassados referirem-se a eles: um mistério que as autoridades ainda não tiveram interesse em decifrar.

Hino de Itaocara

Fonte: Livro Nilza Viegas