Dr. Sebastião Kleber da Rocha Leite

Dr. Sebastião Kleber da Rocha Leite

Uma vida rica em acontecimentos, exemplo para a nova geração
Aos 83 anos, o advogado e jornalista, Dr. Sebastião Kleber da Rocha Leite, é um dos maiores expoentes da cultura em toda história de Itaocara. Sua trajetória começa em Laranjeiras (atual Laranjais), nos anos de 1930, passa pelo Rio de Janeiro, Buenos Aires, Córdoba, Havana, Nova Iorque e Boston. Presidente da Academia Itaocarense de Letras (AIL), fundador da premiada revista BALI, exerceu ainda cargos na Prefeitura, e funções na sociedade civil, como a Presidência da Cooperativa de Motoristas. Leia mais sobre esse homem que é exemplo às novas gerações.

Nova Voz – Estamos próximos ao Dia dos Pais. Que lembrança tem de seu pai?

Dr. Kleber Leite – As melhores possíveis. Nós éramos muito unidos. Buscava sempre estar próximo a ele, tentando aprender alguma coisa nova. Ele era telegrafista e contraiu dois matrimônios. No primeiro, teve três filhas e um filho. Meu irmão, Ary Leite, é vivo, e mora em São Fidelis. E no segundo, foram quatro homens e a filha caçula, a Maria Estela. Os homens, EU, primogênito, Edvar, Bebeto, e o Cidinho.

Nova Voz – Qual a principal atividade profissional dele?

Dr. Kleber Leite – Meu pai foi proprietário de seis jornais. Em Laranjeiras foram quatro periódicos e dois em Itaocara. Em relação a sua personalidade, numa época que os pais costumavam bater nos filhos, jamais nos deu um tapa. Só me lembro de certa vez, que meu irmão Ari, fez uma bagunça no campo de futebol, e papai foi lá buscá-lo, pondo-o para casa. Na verdade, quando nos olhava, já sabíamos se havia ou não, alguma coisa errada no comportamento.

Nova Voz – Gostava de política?

Dr. Kleber Leite – Era Getulista roxo. Tinha horror aos comunistas. Adorava as modernidades da época, como a eletrônica. Ele e o Manoel Rezende eram os mais interessados. Uma criatura amável, que cursou a universidade da vida. No leito de morte, no dia 26 de outubro, de 1968, me abraçou e disse: “Binho, cumpri minha missão”. Jamais esquecerei. Homem de princípios, falava que não existe honestidade em excesso.

Nova Voz – Tem alguma lembrança dele, para vida social de Itaocara?

Dr. Kleber Leite – Várias. Por exemplo, é o autor do hino do Nacional Esporte Clube. Durante o périplo conduzindo seu caixão ao cemitério, os jogadores do Nacional, pararam a partida, e o esperavam perfilados, com a braçadeira de luto. Papai é autor também da música “alma cabocla”, que fez muito sucesso então.

Nova Voz – O que um garoto fazia em Itaocara, para se divertir nos anos de 1940?

Dr. Kleber Leite – Itaocara era uma jóia. Tínhamos uma fonte, que fazia 208 combinações luminosas, por minuto. Foi construída pelo Edinho Macedo, de Portela. No Brasil, só havia a nossa e uma no bairro do Grajaú, no Rio de Janeiro. A Piscina Pública, um grande marco da cidade, que lamentavelmente, pelo menos para as pessoas da minha geração, anos depois foi tirada a fórceps da cidade, sem uma devida consulta popular. Foi concebida pelo Faria Souto, e construída pelo Aço e pelo Cuíca, dois dos nossos conterrâneos. Quando o rio Paraíba começou a ficar poluído, o Faria Souto furou um poço, há 57 metros de profundidade, puxando a água de onde está agora a Praça da Geografia. Essa água era pura magnésia. A piscina realmente marcou toda geração da minha infância / adolescência. Tínhamos o Ita Cine, o CinemaScope. A Praça da Matemática. O Malba Tahan volta e meia estava em Itaocara.

Nova Voz – Como eram as paqueras de então?

Dr. Kleber Leite – Sui generis. Nossa praça era uma pérgula de fícus por toda volta. Então as garotas caminhavam no sentido horário, e nós, os rapazes, no sentido anti-horário. E no meio, íamos nos encontrando, trocando olhares. Lembro também do Dancing, do restaurante do Aristalziro e da banda do Chico Tripa, comandado pela família Falante. O Padre Ananias começou a implicar, achando que atrapalhava a missa. No antigo Coreto de Itaocara, tenho lembrança do meu pai, tocando com Altamiro Carrilho, um dos maiores músicos do mundo. 90% dos que estiverem lendo está matéria, nem de longe podem imaginar, quão linda era Itaocara. Viajei pelo mundo, estive nos Estados Unidos, na Europa, em Cuba, em Porto Rico e na Argentina, sem contar inúmeras cidades do Brasil. Mesmo assim, nunca vi lugar mais belo, do que a Itaocara da minha infância e juventude.

Nova Voz – E o senhor sempre foi apaixonado pelo mundo intelectual?

Dr. Kleber Leite – Desde criança. Fui convivendo no mundo do meu pai, com grandes personalidades, como o Presidente Getulio Vargas e o Governador Amaral Peixoto. Meu pai, além de jornalista, respeitadíssimo em todo o Estado, era ávido leitor e sempre nos estimulou a ampliar nossos conhecimentos.
A Advocacia e o Mundo

Nova Voz – E como o senhor foi terminar se tornando Advogado por formação acadêmica?

Dr. Kleber Leite – Boa pergunta. Aqui vai uma história. Meu sonho era ser Diplomata. Já cursava o secundário no Rio, e certo dia, conversava com um professor, quando identifiquei um erro de português, numa placa da Faculdade de Filosofia, que ficava no Castelo (bairro do Rio). Ele chamou então um professor desta instituição, altamente laureado, e lhe disse que eu havia identificado um erro de grafia. Era necessário fazer a correção. Isso me deixou marcado positivamente.

Nova Voz – Como assim?

Dr. Kleber Leite – Passei a ser comentado. Em certo momento, recebi precioso conselho do Embaixador Muniz de Aragão, para que não estudasse no Itamaraty, porque não era loiro, de olhos claros, o que praticamente era um pré requisito. Disse para que ingressasse na Faculdade de Direito, e quando já estivesse no terceiro ano, tentasse a carreira diplomática. Era um caminho mais seguro. Fiz o vestibular, passei e tive o privilégio de conviver com alunos e professores, que depois se tornariam expoentes da minha geração, como Aliomar Baleeiro (Tributarista de máximo renome), Olavo Bilac Pinto (Deputado), Fernando Henrique Cardoso, Carlos Ribeiro (conhecido como Carlos Livreiro, da Livraria São José), José Serra e outros mais.

Nova Voz – O senhor foi Presidente do Diretório Acadêmico. Houve alguma manifestação que se lembra com maior relevância?

Dr. Kleber Leite – Uma chamou atenção. O Rio era nossa Capital, e para fazermos uma manifestação política, pintamos um Elefante de cor de rosa, e o colocamos em frente à Assembléia Legislativa. O que queríamos, era a criação da UEG, que depois veio a se chamar de UERJ. Teve grande repercussão. O Governador Carlos Lacerda, terminou ficando sensibilizado, criando fundos, que possibilitaram a criação da UEG. Fui aluno de Afonso Arinos, Benjamim de Moraes, Maurício de Lacerda, alguns dos maiores brasileiros da história. O Chanceler Ary de Azevedo Franco, tinha-me na conta de filho. O único desafeto que criei, foi o Desembargador Oscar Tenório.

Nova Voz – Qual motivo?

Kleber Leite – Por causa de uma bobagem. Terminei sentando numa mesa de restaurante, reservada para ele, sem saber. E quando lhe cumprimentei, disse-me alguns impropérios. Um jornalista da Tribuna da Imprensa, o principal jornal do Brasil, na época, estava presente e publicou noutro dia na primeira página, em manchete, dizendo que o Desembargador havia sido grosseiro, com o Presidente do Diretório Acadêmico. Repercutiu. São coisas que acontecem.
O Contato com o mundo exterior

Nova Voz – Como foi sua primeira viagem ao exterior?

Dr. Kleber Leite – Uma aventura. Primeiro, porque os vôos eram cheios de escala, pois os aviões tinham baixa autonomia. Fui a San Juan, depois Cáguas, Havana, New York. Alias, tive em Havana, num período de grande repressão por parte do governo comunista do Fidel Castro, quando fuzilamentos eram realizados. Foi no início da revolução e o clima era péssimo. Terminei indo pra Jamaica e depois pra Porto Rico. O mundo dos anos 1960 efervescia com a Revolução Cultural. Quem viajava, sempre tinha história para contar.

Nova Voz – Como foi sua adaptação no exterior?

Dr. Kleber Leite – Nosso grupo, que era formado por pessoas como Hélio Thornague, Ernesto Guerra da Cal, e outros nomes que se tornariam expoentes do Brasil. O clima era bem diferente. Lembro que ventava tanto, que o vôo foi desviado de Nova Iorque para Filadélfia. Com tudo isso, foi um período fantástico. Fui aluno do professor William Grossmann, tradutor das obras do Machado de Assis, para o inglês. Atualmente, há uma cadeira de Membro Correspondente, em seu nome na Academia Brasileira de Letras.

Nova Voz – O senhor advogou também para o mundo artístico aqui no Brasil, não é mesmo?

Dr. Kleber Leite – Fui advogado da Cinédia. Conheci personagens da época, como Zé Ketti, Cil Farney, Clara Nunes, e outros artistas. Desenvolvemos bom convívio. Tive um escritório no Rio de Janeiro. Depois mantive associados em Buenos Aires e Córdoba, durante 16 anos, fiquei indo e vindo da Argentina.
O Casamento

Nova Voz – Como foi o casamento com a professora Clarice?

Dr. Kleber Leite – É uma história interessante. Já havia sido noivo três vezes, mas não tinha encontrado meu verdadeiro amor. Faltava isso, para que realmente pudesse sentir-me realizado. Num dia, vindo a Itaocara, estava no escritório do José Maria Fernandes, quando avistei aquela bela jovem, super educada, de trejeitos gentis. Senti algo diferente. Fui para casa e falei com minha mãe sobre este encontro. À noite mamãe me chamou para ir ao Pinguelão, restaurante popular da época. Então, por destino ou estimulada pela minha mãe, a Clarice estava lá. Tivemos nossa primeira conversa. Isso ocorreu no mês de setembro. Foi tão forte, que no dia 20 de janeiro de 1973, apenas quatro meses depois, já estávamos casados.

Nova Voz – E as suas filhas?

Dr. Kleber Leite – Elas são o principal legado da minha vida. Todas estudiosas, amorosas, nunca deram trabalho. A Kellen, mais velha, trabalha na Justiça Federal, em Niterói. Só me chama de paizinho. Casou-se com o André Carneiro Leão, que é do ramo jornalístico, tem uma revista muito conhecida, City Niterói. Excelente pessoa. A Karine é dentista. Por concurso, passou em primeiro lugar e trabalha na Justiça Federal, no Rio de Janeiro. A Keyla, é minha filha mais nova, trabalha na Justiça Estadual do Espírito Santo. Então não tenho preocupação com elas. Felizmente estão encaminhadas. Priorizaram o estudo e hoje colhem os frutos que plantaram.
De Volta a Itaocara

Nova Voz – Nos anos de 1980, o senhor criou o presidiu a Academia Itaocarense de Letras e o BALI – Boletim Acadêmico Letras Itaocarenses. Pode nos falar um pouco da AIL e do BALI?

Dr. Kleber Leite – A Academia, na realidade, foi criada por um decreto, em 1970 pelo Dr. Carlos Moacyr Faria Souto. Anos depois, quando já era Chefe de Gabinete, da Prefeitura de Itaocara, o Dr. Milton Bürger e o professor José De Cusatis, me procuraram para instalar nossa Arcádia, que só existia no papel. Então chamamos os professores William Rimes, Paulo César Rimes e o José Bucker. Fomos formando a Academia, escolhendo os patronos, empossando os novos imortais. Inicialmente tivemos uma diretoria pró tempori, com o De Cusatis Presidente, Eu vice e o José Bucker, Secretário. Houve então uma divergência, e o De Cusatis renunciou. Eu assumi como Presidente da AIL.

Nova Voz – E o BALI?

Dr. Kleber Leite – O BALI foi conseqüência de duas coisas. Primeiro, durante muitos anos, tive uma coluna no jornal O Centro Norte, do jornalista José Geraldo Cardoso, onde escrevi diversos artigos e ensaios. Depois, havia uma necessidade de publicar o material produzido pela AIL. Então, resolvi criar o BALI.

Nova Voz – O Bali terminou sendo reconhecido em todo Brasil e no mundo, conquistando prêmios nos Estados Unidos, na Europa e no Japão.

Dr. Kleber Leite – Exatamente. Isso enriqueceu a cultura de Itaocara, tornando-a conhecida fora das nossas fronteiras, como nunca poderíamos imaginar. Até hoje, recebo correspondência de várias partes do mundo, e de outras cidades brasileiras.

Nova Voz – O senhor presidiu ainda a Cooperativa de Motoristas do Município. Isso demonstra que sempre gostou de estar ativo em Itaocara. Não é mesmo?

Dr. Kleber Leite – Foi uma época muito boa também. Sempre me dispus a ajudar no que for possível. A Cooperativa de Motoristas passava por dificuldades, eu então pude dar minha colaboração. Durante meus mandatos organizei as finanças e fiz obras importantes. O resultado agradou aos associados, tanto que fui reeleito diversas vezes.

Nova Voz – O que o senhor gostaria de deixar de mensagem para as novas gerações?

Dr. Kleber Leite – Que tenham coragem. Eu nasci em Laranjeiras. No mesmo local, nasceram homens ilustres, como o Dr. Alaor Eduardo Scisínio, o Dr. Álvaro Antonio Pinheiro, e os Almirantes Righi e Davi. Isto numa época que realmente existia roça, zona rural. No entanto, superamos obstáculos e conquistamos bem mais do que podíamos sonhar. Então jovem, nunca se permita ficar desanimado, nem pessimista em relação ao futuro. Se quiser, tiver força de vontade, pode conseguir qualquer coisa.

Bate Bola sobre personalidades de Itaocara:

Dr. Alaor Scisínio – Um gigante intelectual. O sucedi na Academia Fluminense de Letras. Ele adorava minha casa. Dizia que ali pegava-se a poesia no ar. Brilhante intelectual, ser humano fora de série e grandioso amigo. Seu falecimento gerou obituários de página inteira, em jornais como O Globo e o Jornal do Brasil.
Dr. Milton Bürger – A maior inteligência que encontrei na Prefeitura. Quando se aposentou, tive o privilégio de sucedê-lo. Não conheci ninguém, que entendesse mais de Direito Administrativo, do que ele. E generoso, sempre paciente, me orientou por diversas vezes, quando já não estava mais lá.
José Romar Lessa – No primeiro governo fui seu Chefe de Gabinete. Cumprimos o mandato, observando todas as exigências legais. Numa época que havia coisas erradas nas Prefeituras pelo Brasil, pois não existia essa fiscalização toda, aqui em Itaocara, nós fizemos questão de ter o máximo zelo com o erário. Pessoa simples, mas de grande personalidade. Ninguém mandava nele.
Dr. Robério Ferreira da Silva – Um ser humano sem igual. Nunca votei nele, mas mesmo assim, sempre me tratou como amigo. Isso que acho fantástico. A política é um meio de tanta gente mesquinha, que encontrar alguém como ele, nos dá esperança. Fiquei triste com seu falecimento. Itaocara perdeu um grande homem.
Dr. Carlos Magno Daher – Uma pessoa a qual tenho grande admiração. É meu amigo particular. Homem de inteligência fora do comum, e apaixonado por Itaocara. Tenho grande recordação de sua posse, como membro da Academia Itaocarense de Letras, quando vivemos uma noite inesquecível, tudo regado ao majestoso coquetel oferecido por ele.
Dona Nilza Viégas – Uma escritora de grande relevância para Itaocara, porque em suas duas obras, há diversas menções a fatos históricos. Uma mulher culta, humana e modesta. Foi eleita para a AIL, mas nunca quis tomar posse. Achava que não estaria a altura. Neste ponto, estava errada, pois além de escritora, era artista plástica e foi professora durante vários anos. Ou seja, mais do que qualificada.
Dr. Álvaro Luis Correia da Rocha – Meu amigo. Muitas vezes, nos sábados, nos recebia em sua casa, para conversar sobre diversos assuntos. Homem viajado. Era bom estar junto a ele e lembrar os áureos tempos do Engenho Central Laranjeiras.
Professor José De Cusatis – Esse era meu Gurú. Teve morte prematura. Foi à pessoa chave para AIL. Ele influenciou uma geração de itaocarenses, como Milton Bürger, Faria Souto e eu mesmo. A mola mestra da Academia.
Dr. José Alvanir – Apesar da grandiosidade, homem de máxima modéstia. Nunca quis estar em posição de destaque, mesmo merecendo todas as luzes. Gosta de trabalhar nos bastidores, criando a possibilidade para os outros se destacarem. O admiro muito por isso.
Faria Souto – Penso que é o maior gênio já nascido em Itaocara. Uma lástima falarmos tão pouco sobre ele. Os anos passam, mas suas obras continuam sendo as mais importantes. Falava latim e grego. Era apaixonado pela matemática. Quando Prefeito, por vezes, fazia os despachos em versos. Poeta. Ainda falta ao município homenageá-lo a altura.
José Geraldo Cardoso – Lutador e sonhador ao mesmo tempo. Sou grato por ter me concedido o espaço, para escrever as colunas Página 2 e Séries Itaocarenses, em seu jornal, durante muito tempo. Pessoa a qual tenho relevante gratidão.
Waltair Sias Gomes – Homem educado e gentil me apoiou também na feitura do BALI. É outro itaocarense que contribuiu bastante com o município, oriundo lá do Engenho Central Laranjeiras.
Monsenhor Saraiva – Eu tenho lembranças terríveis dele. Então era conhecido como Duduca, criança endiabrada, que aprontou como só quem viveu naquela época sabe. Ele, junto com o Zé Capeta e outros, viviam a fazer comigo, o que hoje se chama bullying. Minha mãe tinha que me levar e trazer da escola, para não apanhar desta turma. Graças ao Padre Ananias isso tudo mudou, e ele se tornou o Monsenhor Saraiva, que entrou para história com tantas coisas relevantes para o município, inclusive Membro da Academia Itaocarense de Letras.
Elias Abbud – Compreendeu a importância do BALI para a divulgação da cultura de Itaocara. Durante muito tempo, comprava boa quantidade de selos, e me dava para postar correspondências enviadas ao Brasil e o Mundo. Sou grato a ele por este gesto.