foto ilustrativa - internet

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O mundo, daquela velha forma com a qual estávamos acostumados, está passando por reforma. Crise de economias de países desenvolvidos, quedas de sistema, religiões com popularidade em baixa, uma necessidade latente de uma reforma nos modelos de ensino, um sonoro pedido de uma reorganização das coisas.

Como a maioria das revoluções, as que temos presenciado nos últimos anos têm sido lideradas por jovens. No Brasil mesmo, é fácil perceber que quem trouxe um ânimo há tempos extinto para causar tamanha comoção, foram os jovens. As mudanças no panorama dos conhecimentos gerais do homem, bem como os avanços científicos e as transformações sociais, revelam jovens buscando mudanças, para melhor. Uma geração formada por indivíduos com potencial de mudar o mundo.

Vemos com naturalidade crianças com pouco mais de quatro anos fotografando ou jogando com os telefones celulares de seus pais ou no computador, essas crianças Geração Z formada por indivíduos constantemente conectados através de dispositivos portáteis e, preocupados com o meio ambiente. A Geração Y, dos jovens nascidos após a década de 80 dominam com facilidade a internet, os Ipod, e tantos outros aparelhos digitais, é considerada a primeira geração que já nasceu usando a internet; Os seus pais, não querendo repetir o abandono das gerações anteriores, dão presentes, atenções e atividades, fomentando a sua autoestima. Cresceram vivendo em ação, estimulados por atividades, fazendo tarefas múltiplas, são filhos da geração X.

E a Geração X? Segundo Janelle Wilson, socióloga americana e autora de um dos mais completos estudos sobre os adolescentes, diz que a Geração X ou Slackers, cresceu com uma nova realidade social. Muitos eram filhos de pais separados, viviam em casa em que homem e mulher trabalhavam fora; são os nascidos a partir da década de 60, quando já adultos viram surgir o videocassete, o telefone celular os jogos eletrônicos, e foram se adaptando á tecnologia digital. São os imigrantes digitais.

A cultura digital cresce de forma desenfreada nos últimos 40 anos, causando alguns problemas para as gerações que dela surgem. Um dos principais é a aprendizagem nas escolas, pois foi também desenvolvida a rapidez de pensamento que pode facilitar muito em determinadas áreas, porém em outras que exigem mais seriedade e concentração podem sofrer algumas dificuldades, as comunicações têm lugar na internet e elas revelam pouca comunicação verbal e habilidades.

Na sociedade, a atuação política destes jovens também pode se tornar bastante preocupante, afinal, a enorme quantidade de itens tecnológicos e informações desnecessárias acabam por distrair suas mentes, tornando-os, na maioria das vezes, alheios à vida política de sua comunidade, sua cidade, seu país e o próprio mundo.

Temos hoje dois grandes blocos que convivem no mesmo território: os nativos digitais, que têm menos de vinte anos de idade, e os imigrantes digitais. Eles não têm a mesma percepção sobre o tempo e sua vivência. Pelo fato de terem sido criados imersos numa tecnologia que fez o mundo espontâneo e simultâneo, os nativos têm uma noção acelerada de processos e a percepção, aprendizado e modo de agir, que difere dos mais velhos. Essa é a razão desses territórios entrarem em conflito.

O fim da adolescência e o início da vida adulta sempre foi entendido que terminava aos 21 anos. As recentes pesquisas de neurociência indicam que agora a adolescência acaba entre 26 e 28 anos. Isso significa que antes disso eles não têm o cérebro definido e as decisões de livre arbítrio também não estão desenvolvidas. Já se sabe que as crianças que cresceram jogando videogame têm um desenho cerebral diferente, mas a imaturidade também faz parte. É por conta dela que eles têm medo de encarar desafios, de querer tudo pronto. Eles optam por uma oferta de conforto por mais tempo até entenderem que precisam sair e encarar a vida.

A Geração Y é conhecida pelos jovens de classe média que às vezes nem estudam, nem trabalham. Também por aqueles que não amadurecem. Sem contar os que ficam na casa dos pais até os 30 ou mais.

Tanto a família quanto poder público, assim como a religião, a escola e os meios de comunicação devem produzir situações educativas nas quais se trabalhe a necessidade de pensar, de planejar. A família deve criar situações para que eles possam ter noção de processos, como cozinhar juntos e jogar, por exemplo. Aliás, o melhor ponto de partida para um diálogo com o jovem é pedir auxílio no uso de tecnologias; eles adoram ensinar e inclusive se disponibilizam a aprender com os pais.

Não são os pais que têm que ajudar na educação dos filhos, é a escola que colabora com as famílias nesse processo. A escola não faz educação, faz escolarização, e isso não deve ser confundido.

Herbert Spencer considerou a família entre as instituições que dão forma à vida social; Marx e Engels, como o primeiro grupo histórico, a primeira forma de integração humana; Augusto Comte, como a célula básica da sociedade, o embrião e o modelo desta, de maneira que a sociedade perfeita é a que funciona como família. Atualmente, a Sociologia da Família e a Psicologia Social, bem como as próprias escolas de Psicologia do Indivíduo reconhecem a importância básica da família. O mesmo se dá nos estudos de Psicologia Educacional e de Filosofia da Educação. John Dewey, em Democracia e Educação, acentua a importância do lar na organização social e na preparação da vida social.

Pais e mães precisam ter esse tempo de convivência e formação como prioridade. Quando eu digo que não tenho tempo para conversar com você, estou dizendo que você não é minha prioridade. O meu dia tem 24 horas e continuará tendo, por isso pais e mães precisam fazer um esforço adicional para aproveitarem melhor os momentos com os filhos, senão terão que despender futuramente um tempo muito maior para recuperar aquilo que descuidou. A mesma coisa deve acontecer do lado do jovem, já que o momento atual é outro, movido por uma geração, que não pode ser comparada com gerações passadas. “O mundo que deixaremos para nossos filhos depende dos filhos que deixaremos para o nosso mundo”

Dra. Cristiani Cosendey Souza Serafini

  • Graduada em Psicologia. Especialização Clínica Abordagem Sistêmica; Pós Graduada em Orientação Profissional e Coach de Carreira; Expertise no atendimento a adolescente, adulto e idoso. Mestranda em Atenção Psicossocial pelo IPUB – UFRJ. Psicóloga Clínica, no setor Público, no município de São Sebastião do Alto. Membro da Sociedade Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho; Proprietária da empresa RHesiliê Consultoria, atuando em empresas com equipes de alto desempenho, realizando treinamentos, palestras e coaching. Expertise em Ferramentas de Gestão em Segurança no Trabalho; Expertise em Empreendedorismo Social pela FGV. Desenvolve trabalhos com Programação Neuro Linguística. Estudou Administração de Empresas na Faculdade de Ciências Econômicas do Sul de Minas. Dra.h.c. em Terapias Naturais.