Nilza Viégas

Nilza Viégas

É deveras importante para a história da vida humana existirem pessoas que usam seu potencial literário para deixar registradas em livros, fatos, crônicas, generalidades que, um dia, serão motivos de estudos, pesquisas, análises, reflexões. Nilza Viégas é uma dessas pessoas que, não satisfeita em fixar em telas os seus dons de pintura, ainda se dá ao trabalho de transcrever tudo que lhe vem ao pensamento, traduzindo suas emoções, suas saudades, suas vivências. Neste seu novo trabalho,
ela exalta a memória do ilustre conterrâneo e amigo Dr. Alaôr Eduardo Scisinio de Araújo, guardião da intelectual idade itaocarense. Trata-se de um homem de letras tendo se projetado no campo jurídico em sua oratória fluente e vigorosa que encantava quem o ouvisse; amou sua terra e nela teve sua grande fonte de inspiração, não só na prosa, como também nos belos versos a ela dedicados. Discorre ainda sobre temas de seu cotidiano inspirados nas belas paisagens ribeirinhas do Paraíba, crônicas autobiográficas, histórias que a vida lhe legou nesses tantos anos de existência voltada para tudo que lhe cerca: a família, os amigos, sua profissão, seus dotes de artista plástica. No registro dos fatos ela não tem pretensões de alçar altos vôos literários, mas em linguagem simples e espontânea registrar, em prosa, o que o nosso idioma fornece em vasto vocabulário. A leitura de “O carro de bois” traduz ao leitor a nítida sensação de ouvir o canto rouco que ele espalhava pelas paragens em estradas lamacentas ou empoeiradas, estreitas, acidentadas, que eram tão comuns em nosso interior. As reminiscências evocadas com um sentimento misto de saudade e emoção, fazendo com que cada leitor também busque em seu “baú” aqueles momentos que também um dia marcaram sua vida.
Como é um livro de registros daquilo que marcou sua vida, mostra alguns trabalhos de outras pessoas a ela ligadas por laços de família ou de amizade: são tarefas escolares de netos, correspondência ~de amigos e tudo o que foi de seu desejo publicar.
É uma mensagem indireta ao leitor que, certamente, lerá os textos de sua preferência. Versos da filha e do neto, este ainda em idade escolar, vêm mostrar um aspecto da herança que ela está deixando aos seus descendentes: a apreciação do belo através das palavras quer sejam na prosa ou na poesia. Ler não é apenas um aprendizado mecânico do aparelho fonador, ou da visão ou do tato (no caso dos cegos),. É antes de tudo um aprendizado que, no espírito, reacende os sentimentos, aguça a memória, fortalece os princípios, aquece a imaginação.
Aí está em breve relato a apresentação deste quarto livro da escritora amiga dos tempos do “Velho Casarão”,o Colégio de Pádua dos saudosos Biosca e Perlingeiro. Na minha modesta linguagem tentei atender o seu pedido, o que é para mim uma honra, elaborar esta apresentação. Felicito-a mais uma vez pelo seu trabalho. Escrever um livro, compor uma melodia, pintar são formas de garantir a imortalidade. O Criador, na sua divina obra de criação, limitou a vida corpórea de suas criaturas, mas não limitou o dom de criar que caracteriza o ser humano como entes superiores da criação. Os vôos do pensamento são infinitos, e felizes são aqueles que, numa dessas manifestações criadoras, conseguem reter as rédeas da imaginação e fixar suas idéias sob forma de arte. Um livro representa uma dessas maneiras de registrar idéias ao lado da música, das artes plásticas, da dança, aspectos artísticos que exigem do apreciador uma sensibilidade mais aguçada. Entretanto, para se ter acesso ao livro, basta dominar o alfabeto com suas infinitas combinações que dão origem às palavras, aos textos. A capacidade de ler corresponde a um bem muito precioso. Corretas são as administrações governamentais que se empenham no pleno desenvolvimento da Educação partindo, especialmente do incentivo à leitura.
O “Baú” é mais um trabalho da Nilza que virá compor as bibliotecas, quer particulares ou públicas para satisfação íntima dos que se devotam ao hábito do ler. Que Deus a povoe sempre de outros tantos pensamentos para que novas páginas possamos manusear transportando-nos a tempos, lugares, situações que a vida também um dia já proporcionou a todos os viventes do gênero humano.
Noemi Cruz Teixeira

Lendo, ou melhor, abrindo este maravilhoso “Baú” de Nilza Viégas, com duas centenas de páginas escritas ao longo do tempo, encontramos coisas preciosas sobre pessoas, locais e coisas de nossa terra e nossa gente.
Em suas páginas deliciosas, escritas com o coração, nos vemos diante de uma tomografia de sua vida social e sentimental, aqui e ali ilustrada com magníficas fotografias como as de um álbum de família, dando-nos conta até mesmo de seus parentes e relacionados em várias fases de . sua vida.
Escrito em linguagem brilhante e concisa, o “Baú” de Nilza Viégas põe-nos em contato com a obra de uma escritora e artista plástica vitoriosa, consagrada. Com seus trabalhos conhecidos, pelo menos, . no Brasil, em Portugal e colônias.
Polígrafa por excelência, mostra-nos de forma desenvolta, ao correr da pena, ou do teclado de digitação, textos magníficos em uma grande variedade de gêneros literários. Outra característica marcante da escritora é o carinho, e admiração, quase culto, devotado aos grande vultos contemporâneos de sua terra e sua região de nascimento.
Para se certificarem de nossas afirmativas, basta ver seu “Baú”, verdadeira tomoteca artística e cultural da região Norte do Estado do Rio de Janeiro. Os textos e fotos consagrados ao grande jurista, escritor, tribuno e poeta Alaôr Eduardo Scisínio são uma prova eloqüente da nossa afirmativa.
Nilza Viégas não é uma estreante na arte de escrever. “Baú” já é seu quinto livro a ser lançado, prometendo alcançar o mesmo sucesso dos anteriores, entre os críticos literários e os leitores.
De uma coisa temos certeza: com a publicação de “Baú”, as gerações futuras de Macuco e Itaocara terão orgulho de lembrar e exaltar os méritos da autora do livro e do seu homenageado Alaôr Eduardo Scisínio, jurista, professor, poeta, jornalista, tribuno e artísta plástico dos maiores do Norte do Estado do Rio de Janeiro, em todos os tempos.Luís Antônio Pimentel
11 de agosto de 2005